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Patricia Lins e Silva

Por Patrícia Lins e Silva, pedagoga Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Educação
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Privatização de escolas públicas: um lamento pela educação brasileira

É lastimável que o governador de São Paulo leve a leilão escolas públicas para iniciativas privadas

Por Patricia Lins e Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 5 nov 2024, 16h43 - Publicado em 5 nov 2024, 16h41
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Privatização das escolas públicas: 'É ilusão achar que a escola particular garante educação melhor que as escolas públicas. (Altvista APP-Sindicato/Reprodução)
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A educação básica revela o projeto de país que se deseja. Nas democracias,  a escola pública assegura a todas as crianças e jovens (e não apenas a alguns) o acesso ao conhecimento, a consciência de seu legítimo pertencimento à sociedade em que vivem e sua responsabilidade como cidadãos de dar continuidade ao desenvolvimento do grupo, dentro de parâmetros de justiça social e econômica. A educação escolar é essencial para a prosperidade de uma sociedade e implica que governantes assegurem a assessoria de especialistas, estudo, planejamento, interesse, vontade.

O pouco interesse da população brasileira pela educação permite o descalabro que está acontecendo e talvez explique a superficialidade do debate público sobre as políticas educacionais e a falta de indignação em relação às condições precárias das escolas e à desvalorização dos professores. Sobre estes fatos, ainda assistimos a um anti-intelectualismo que desconfia de cientistas, professores e especialistas, que não acredita no método científico e no pensamento racional, o que rebaixa a escola na lista das preocupações sociais. É o oposto do que se deve esperar em relação a uma instituição fundante das mentalidades das novas gerações. A educação escolar deve ser o primeiro compromisso de todo um país, a escola deve ser a instituição mais protegida e mais admirada porque é a responsável por educar as pessoas que irão conduzir a nação.

 As elites brasileiras são patrimonialistas e se movem para manter privilégios e vantagens pessoais, num pensamento de curto prazo, o que não favorece a educação que é investimento de médio e longo prazos. Nos momentos em que o anti-intelectualismo público se torna evidente, as pessoas rejeitam campanhas de saúde pública, como a vacinação,  incentivadas por desinformação, e o Congresso tende a não recorrer a especialistas em saúde pública, cientistas climáticos e economistas. Os representantes da população não parecem se incomodar com os destinos da nação, talvez porque eles próprios são formados na escola desprestigiada, que não lhes possibilitou desenvolver o pensamento crítico e a grandeza de projetar o futuro das próximas gerações. A tendência é amesquinhar projetos em busca de resultados imediatos e se negligencia a educação que fica sem investimentos. E não é só uma questão de qualidade acadêmica, mas também de desenvolvimento socioeconômico. 

A passividade da população em relação às deficiências do sistema educacional permite o atual empenho em privatizar escolas públicas. É ilusão achar que a escola particular garante educação melhor que as escolas públicas. Todas acabam atingidas pelo descrédito no conhecimento e na instituição, o que atesta o baixo resultado no exame PISA dos estudantes mais favorecidos do ponto de vista socioeconômico em comparação com seus pares de outros países.

É lastimável que o governador de São Paulo leve a leilão escolas públicas para iniciativas privadas. A escola pública é um bem inalienável de uma nação, é a responsável pela formação das crianças e jovens.              

        Quando se chega ao ponto de terceirizar o futuro, seja para a iniciativa privada ou para militares, resta apenas lamentar profundamente o projeto de nação que está sendo praticado.

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