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Patricia Lins e Silva

Por Patrícia Lins e Silva, pedagoga Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Educação
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Aprender Química para entender a vida

Talvez, então, exista mesmo vida fora do nosso planeta. Que adolescente resistiria a um mergulho nesta reflexão?

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Atualizado em 21 nov 2022, 14h39 - Publicado em 21 nov 2022, 14h36
Close up of science technician in ppe suit using a pipette with a microtiter plate and a petri dish working in laboratory. Team examining virus evolution for vaccine development against covid19
Química: nos elementos e compostos que se encontram e desencontram nas aulas da escola estão todos os mistérios e desafios do desenvolvimento da vida. (Freepik/Divulgação)
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Frequentei aulas de Química na escola, como todos os alunos do meu tempo que seguiam o curso Científico, que correspondia mais ou menos ao Ensino Médio de hoje. A matéria não me atraía. Embora eu me interessasse por genética, por células e átomos, não consegui estabelecer relação entre a Química que eu devia aprender e os fenômenos do mundo que me cativavam.

A tabela periódica até hoje me atrai do ponto de vista estético, com os elementos dispostos de um modo que evoca mistério. Jamais consegui equilibrar bem as reações entre um lado e outro dos sinais, o que confesso me frustra até hoje.

A chegada da Química Orgânica, com o carbono, trouxe mais curiosidade com as possibilidades de composição e cadeias de elementos. Mas não superei o desconforto de não conseguir entender a importância que eu pressentia que existia ali. Naquele tempo, o mundo da Química não me acolheu.

Anos depois tive uma boa surpresa. Trabalhava como ceramista e precisava cuidar da esmaltação das pecas de barro. Os esmaltes são misturas de elementos e compostos químicos que cobrem as pecas antes de irem ao forno. Sílica, feldspato, óxido de zinco, carbonato de cálcio, caulim, quartzo, óxido de titânio, cobalto e não sei quantos outros reapareceram e invadiram minha vida. E a relação deles com o barro e o fogo trouxe uma precisão agradável de buscar na memória o pouco do que pudesse me lembrar das aulas de Química. Se eu tivesse conhecido a Química num atelier de cerâmica nossa relação certamente teria sido outra.

Mais tarde abandonei a cerâmica, mas a Química voltou a me encontrar quando li o livro Poeira Vital, do cientista Christian de Duve, prêmio Nobel de Química, que propõe uma explicação sobre a vida na Terra desde a sua origem. O autor faz um relato dos quatro bilhões da história da vida sobre a Terra, desde as biomoléculas até a mente humana e ainda se arrisca para além dela. Trata a vida como um processo natural governado pelas mesmas regras dos processos inorgânicos. Divide a história da vida em períodos sucessivos de complexidade – a que chama de ‘idades’ – e inicia com a Idade da Química, aspecto universal da vida, sua essência. O desenvolvimento da vida é um processo químico e a vida deve ser entendida em termos de Química.

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Como não percebi que naqueles elementos e compostos que se encontravam e desencontravam nas aulas da escola estavam todos os mistérios e desafios do desenvolvimento da vida?

Christian de Duve ainda levanta um certo determinismo no surgimento da vida ao sugerir que, dadas as mesmas circunstâncias e condições que a produziram, ela aparecerá em qualquer tempo e lugar, necessariamente. Talvez, então, exista mesmo vida fora do nosso planeta. Que adolescente resistiria a um mergulho nesta reflexão?

Professores, apresentem a Química pela história da vida!  Química é vida, Química é tudo!

 

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