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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Roberto Oberg (médico): “Do bisturi ao algoritmo — a IA na neurocirurgia”

Ao lado do neurocirurgião, algoritmos avançados de inteligência artificial (IA) tornam-se aliados discretos, mas poderosos

Por lu.lacerda
5 set 2025, 19h00 • Atualizado em 5 set 2025, 19h07
adas
 (./Divulgação)
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  • Em um futuro que já começou, a sala de cirurgia não é mais apenas o espaço de bisturis, microscópios e mãos treinadas. Ao lado do neurocirurgião, algoritmos avançados de inteligência artificial (IA) tornam-se aliados discretos, mas poderosos, capazes de transformar diagnósticos, planejar procedimentos complexos e até prever complicações. Essa parceria entre cérebro humano e máquina promete mudar para sempre a forma como tratamos doenças neurológicas.

    Nos últimos anos, a neurocirurgia deixou de ser apenas uma especialidade de precisão técnica e passou a incorporar recursos digitais capazes de analisar, em segundos, milhares de imagens cerebrais. Ferramentas de IA identificam tumores, aneurismas e malformações vasculares com taxas de acerto comparáveis — ou até superiores — às dos especialistas mais experientes. O resultado é um diagnóstico mais precoce e preciso, fundamental para salvar vidas.

    Contudo, não se trata apenas de detectar doenças: o planejamento cirúrgico também vem sendo revolucionado. Softwares que integram inteligência artificial com imagens de ressonância magnética e tomografia criam reconstruções tridimensionais do cérebro. Esses modelos permitem que o cirurgião “navegue” virtualmente pela anatomia do paciente antes mesmo da primeira incisão. Assim, é possível definir o trajeto mais seguro, evitando áreas críticas ligadas à fala, visão e movimentos. O objetivo é claro: maximizar a eficácia da cirurgia e reduzir riscos de sequelas.

    Outro campo promissor é a aplicação da IA em robótica; hoje, sistemas de navegação já auxiliam o posicionamento de instrumentos com precisão milimétrica. A tendência é que, no futuro, algoritmos aprendam continuamente a partir de milhares de procedimentos, oferecendo suporte em tempo real durante as operações. Não significa que os robôs substituirão o cirurgião, mas sim que o profissional terá à sua disposição uma ferramenta ainda mais precisa e confiável.

    O impacto social é igualmente relevante. Se bem implementada, a inteligência artificial pode democratizar o acesso à saúde de qualidade. Hospitais de médio porte ou em regiões afastadas poderão contar com softwares de apoio ao diagnóstico, reduzindo desigualdades. Além disso, a IA pode otimizar custos, permitindo que mais pacientes recebam atendimento especializado.

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    Ainda assim, desafios importantes permanecem. Como garantir a privacidade e a segurança dos dados médicos? Como validar cientificamente algoritmos que aprendem com grandes volumes de informações? E, acima de tudo, como assegurar que a tecnologia seja usada como complemento, e não substituto, da sensibilidade e do julgamento humano?

    A resposta parece estar no equilíbrio. A inteligência artificial é uma ferramenta poderosa, mas o cuidado, a empatia e a capacidade de tomar decisões éticas permanecem exclusivos do ser humano. A neurocirurgia, portanto, caminha para uma era em que a união entre conhecimento médico e inovação tecnológica poderá oferecer aos pacientes não apenas mais chances de cura, mas também melhor qualidade de vida.

    Estamos diante de uma revolução silenciosa e inevitável, uma transformação que não elimina a figura do médico, mas o fortalece. O futuro da neurocirurgia não está apenas nas mãos habilidosas dos cirurgiões, mas também na inteligência invisível dos algoritmos que, juntas, podem salvar vidas.

    Roberto Duprat Oberg é neurocirurgião, especialista em patologias do cérebro e coluna vertebral. É membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e opera na Clínica São Vicente, na Gávea.

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