A contradição do solteiro moderno: parceiros, mas com liberdade
“Sempre digo que casamento é onde menos se faz sexo", diz psicanlista Regina Navarro Lins
Ser solteiro hoje é quase um superpoder — e o mundo, generoso, já reservou duas datas pra celebrar o feito: 15 de agosto, o Dia Nacional dos Solteiros, e 11 de novembro, o Dia Internacional dos Solteiros, nascido na China e transformado em um megaevento de e-commerce. Por aqui, a “Black Friday dos desacompanhados” parece ter virado um estado de espírito que dura novembro inteiro.
De acordo com o IBGE (2023), o Brasil tem 63 milhões de pessoas casadas e 81 milhões sem registro de união — ou seja, mais gente dizendo “não é você, sou eu”. No estado do Rio são 2.946.821 (53%) solteiros.
Já o app Happn revela que os solteiros brasileiros têm suas manias bem definidas: 46% preferem alguém que more a até 10 km, embora 51% jurem que distância não é problema. Mas, no fim das contas, 67% confessam que já cancelaram (ou pensaram em cancelar) um encontro por pura preguiça de atravessar a cidade.
A psicanalista Regina Navarro Lins já explicou à coluna: “Sempre digo que casamento é onde menos se faz sexo. O grande vilão dessa história é o modelo de casamento da nossa cultura… calcado no controle, na possessividade, no ciúme, no desrespeito à individualidade do outro. É evidente que, em pouco tempo, o casamento se torna uma coisa em que as pessoas se acomodam. Amor e tesão são coisas totalmente distintas.”
E assim se explica o paradoxo do solteiro moderno: querem conexão, mas sem login permanente; amor, mas sem contrato; carinho, mas sem a senha da Netflix. Procuram parceiros — desde que a liberdade venha incluída no pacote.





