Livro do economista Pedro Cavalcanti: entre lembranças e invenções
A ideia de escrever as memórias romanceadas surgiu depois da morte de um dos quatro irmãos
O economista Pedro Cavalcanti, professor reconhecido, lançou “Memórias e Mentiras” (7Letras), em noite bem alegre, na Livraria da Travessa de Ipanema, nessa segunda (10/11).
A ideia de escrever essas memórias romanceadas surgiu depois da morte do irmão Paulo, um dos seus quatro irmãos. “Além do luto em si, da dor da perda física, ficou uma sensação de ter perdido histórias — memórias que só ele conhecia. Assim, pensei: o que fazer com as minhas?”, conta o autor.
Descrever aventuras da adolescência ou da juventude pareceu pouco; um simples arquivo de passagens de uma vida comum soava aborrecido — para ele e para quem mais fosse ler. “Por que não inventar outra vida que refletisse esses mesmos momentos, por um ponto de vista menos otimista, às vezes trágico, embora em muitos momentos cômico?”, conclui.
Há ali muitas histórias verdadeiras. Você pode até identificar alguns personagens, como a colunista Patricia Kogut, o empresário artístico Zé Fortes ou o produtor cultural Jeronymo Machado, amigos de infância de Pedro — todos com nomes trocados, por óbvio.
Do jornalista Marcelo Lins, que assina a orelha: “Se cada pessoa é uma galáxia — de pensamentos, atos, relações, vivências, vitórias, derrotas, orgulhos e vergonhas —, toda família é um universo, com todos esses elementos multiplicados ao infinito. Quando espanamos a poeira da memória acumulada ao longo dos anos sobre personagens e episódios, (re)descobrimos um mundo novo, inclusive as invenções da nossa cabeça.”
Da economista Elena Landau, prima-irmã do autor: “Quando Pedro me disse que estava escrevendo, eu esperava algo sobre Economia. Mas fui tomada de surpresa ao ler os primeiros rascunhos. Autobiografia e romance policial se intercalam em suas páginas. Sabemos que toda memória é uma construção; ao longo do tempo, é quase inevitável revisitar o passado, muitas vezes buscando dar uma moldura mais positiva aos acontecimentos. Não é o que Pedro faz neste livro, em que mentiras invadem lembranças e constroem um personagem quase sinistro.”





