“Carlota Joaquina”, 30 anos depois: artistas sem cirurgia plástica
O filme volta ao circuito na próxima quinta (14/08), em cópias acessíveis e restauradas digitalmente
O que mais chamou atenção na pré-estreia de “Carlota Joaquina, Princesa do Brazil”, nessa segunda (04/08), com Marieta Severo e Marco Nanini de protagonistas, sob a direção de Carla Camurati, é que nenhum deles passou por cirurgias plásticas, digamos assim, 30 anos depois da estreia do filme. Foram afetados pelos anos, como todo mundo é, em três décadas, mas mantêm rostos muito naturais (repare nas fotos). O longa é um marco na retomada do cinema brasileiro nos anos 1990 — “Carlota Joaquina, Princesa do Brazil” completa três décadas em 2025 e retorna aos cinemas em cópia remasterizada, no Net Gávea.
O primeiro longa dirigido por Carla Camurati e produzido por ela e por Bianca de Felippes foi também o primeiro filme patrocinado pela Petrobras, representada ali pela atual presidente, Magda Chambriard. Conquistou o público com sua crítica bem-humorada à formação do Brasil, aliada a uma linguagem estética inovadora. Marieta Severo como Carlota Joaquina foi vivida na infância por Ludmila Dayer, que veio dos EUA, onde mora, para o evento (“o começo da minha carreira, aos 10 anos. O cinema é minha paixão e sou privilegiada de continuar fazendo o que amo”, disse ela), Marco Nanini como Dom João, Marcos Palmeira como Dom Pedro I e Vera Holtz no papel de Maria Luísa de Parma.
O filme volta ao circuito na próxima quinta (14/08), em cópias acessíveis e restauradas digitalmente e também pela Petrobras. “Ele se reafirma como um retrato provocador da nossa história, mas também como um espelho, por vezes desconfortável, do presente. A crítica e o tom satírico, que já eram ousados na época, talvez sejam ainda mais compreendidos pelas novas gerações. Vai ser lindo ver jovens, professores e famílias descobrindo — ou revendo — o filme no cinema, que para mim segue sendo o espaço ideal para a experiência coletiva da arte”, disse Carla.
E tudo era temático de “Carlota”, desde o saco de pipoca personalizado a canecas para vender na lojinha.
A história se passa entre o fim do século XVIII e o início do XIX, quando Carlota, aos 10 anos, foi prometida a João, de Portugal. É aprovada pela corte espanhola e enviada a Lisboa, onde se depara com um destino bem menos glamouroso que o retratado nos quadros e protocolos da nobreza. João, de temperamento introspectivo, prefere o canto sacro e o cultivo de flores na companhia da nova mulher. Com a morte do príncipe herdeiro e o agravamento da saúde mental da rainha D. Maria I, o casal acaba elevado ao trono português. Em meio às turbulências provocadas pela Revolução Francesa e pelas ameaças de invasão napoleônica, a Corte portuguesa foge, histórica e silenciosamente, para o Brasil. Esse episódio marca uma reviravolta no destino da Colônia e dá origem a uma nova fase da história luso-brasileira.





