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Gilberto Ururahy

Por Gilberto Ururahy, médico Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Especialista em medicina preventiva
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A quinta onda: o adiamento das cirurgias eletivas e as doenças crônicas

Novas suspensões de cirurgias eletivas criam um novo tipo de paciente: os “desprogramados”

Por Gilberto Ururahy
Atualizado em 4 fev 2022, 10h01 - Publicado em 2 fev 2022, 15h39
Sala de cirurgia com médicos fazendo uma operação.
O avança-recua em que se transformou nossos dias, surgiu uma nova categoria de pacientes: os “desprogramados”. (Internet/Reprodução)
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A cada novo aumento de casos e de internações por Covid-19, o poder público opta por suspender as cirurgias eletivas. É o que está acontecendo desde 17 de janeiro, no Estado do Rio, com as operações interrompidas sob a alegação de reduzir o impacto do afastamento de profissionais de saúde por conta de doenças respiratórias.

Cirurgias eletivas são aquelas programadas com antecedência, ao contrário dos procedimentos de emergência. São exemplos de cirurgias eletivas as operações de catarata, hérnias e vesícula, por exemplo. No entanto, com o avança-recua em que se transformou nossos dias, surgiu uma nova categoria de pacientes: os “desprogramados”, ou seja, aqueles que chegaram a agendar suas cirurgias, mas não tem ideia de quando serão operados.

O impacto social desse fenômeno é maior do que se pode imaginar. Depois de meses trancados em casa, com exames periódicos em atraso, indivíduos finalmente colocaram os cuidados com a saúde em dia, mas na hora da intervenção médica agendada, são orientados a esperar. O cotidiano foi postergado para um futuro indefinido. Para além do prejuízo à saúde física – muitos, infelizmente, não conseguem esperar e morrem em casa -, há um enorme dano à saúde mental em decorrência do estresse e da ansiedade.

A variante Ômicron que atinge o Rio gerou nova onda de medo e estresse. O resultado é um estilo de vida catastrófico: excesso de consumo de álcool, tabagismo, alimentação irregular, sedentarismo, sobrepeso e péssima qualidade do sono. Todos estes fatores acabam por estimular doenças crônicas como diabetes, cânceres e problemas cardiovasculares. E sem fazer exames ou procurar tratamentos, o ciclo de malefícios se fecha.

Quando a normalidade voltar a frequentar nossos dias, os hospitais se encherão de clientes “desprogramados” e as clínicas voltarão a atender as doenças crônicas, as que mais impactam nos seguros e planos de saúde. É uma tempestade perfeita a médio e longo prazos.

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É tempo de equilíbrio e ponderação. É hora de avaliar e reverter danos e não aumenta-los. É preciso permitir que pacientes realizem suas cirurgias eletivas, como previamente programadas. É preciso voltar a estimular os bons hábitos, que aliam alimentação saudável, prática de atividades físicas com regularidade, distância de bebidas alcoólicas e cigarro, ter noites de sono reparadoras e controle do peso corporal. Por fim, já é mais que tempo de se retomar a realização de exames preventivos, ferramenta importante na detecção de diversas doenças.

Saúde é prevenção!

Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, criou a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França e autor de três livros: “Como se tornar um bom estressado” (Editora Salamandra), “O cérebro emocional” (Editora Rocco) e “Emoções e saúde” (Editora Rocco).

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