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Gilberto Ururahy

Por Gilberto Ururahy, médico Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Especialista em medicina preventiva
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Qual a relação entre pouco sono e demência? A ciência explica

Quantidade de horas dormidas está diretamente relacionada a transtornos cognitivos entre os mais velhos

Por Gilberto Ururahy
9 set 2024, 11h04
Mulher sentada na cama insone.
Cientistas estudam se o sono insatisfatório desencadeia alterações no cérebro que podem causar demência. (Freepik/Reprodução)
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O prestigiado jornal The New York Times publicou artigo recente tentando entender a relação cada vez mais provável entre o sono e os transtornos cognitivos. Embora os cientistas estejam confiantes de que existe uma ligação entre o sono e a demência, a natureza dessa ligação é complexa. Pode ser que o sono insatisfatório desencadeie alterações no cérebro que causam demência. Ou o sono das pessoas pode ser perturbado devido a um problema de saúde subjacente que também afeta a saúde do cérebro. E mudanças nos padrões de sono podem ser um sinal precoce da própria demência.

Vejamos como especialistas pensam sobre essas diversas conexões e como avaliar o risco com base em seus próprios hábitos de sono:

1)    Pouco sono: O sono funciona como um “banho” noturno para o cérebro, eliminando os resíduos celulares que se acumulam durante o dia. Durante esse processo, o fluido que envolve as células cerebrais elimina o lixo molecular e o transfere para a corrente sanguínea, onde é filtrado pelo fígado e pelos rins e expelido do corpo.

Esse lixo inclui a proteína amiloide, que se acredita desempenhar um papel fundamental na doença de Alzheimer. O cérebro de todas as pessoas produz amiloide durante o dia, mas podem surgir problemas quando a proteína se acumula. Quanto mais tempo alguém fica acordado, mais amiloide se acumula e menos tempo o cérebro tem para removê-la. 

Os cientistas não sabem se dormir pouco regularmente – normalmente considerado seis horas ou menos por noite – é suficiente para desencadear o acúmulo de amiloide por si só. Mas as pesquisas descobriram que adultos entre 65 e 85 anos que já têm acúmulo de amiloide no cérebro, quanto menos dormiam, mais a proteína estava presente e pior era a sua cognição. Logo, a correlação parece ser direta. 

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Portanto, a falta de sono, por si só, não é suficiente para causar demência. Mas parece ser definitivamente um fator de risco para aumentar o risco de demência, e talvez também a velocidade do declínio cognitivo.

Pessoas com doença de Alzheimer podem começar a desenvolver sintomas aos 60 ou 70 anos, mas a proteína amiloide pode começar a acumular-se até duas décadas antes. É por isso que é importante priorizar o sono, visando sete a nove horas por noite, começando aos 40 ou 50 anos, se não antes. Os sinais apontam que provavelmente na meia-idade, à medida que você chega aos 60 e 70 anos, a qualidade do sono será cada vez mais importante.

Alguns distúrbios do sono, principalmente a apneia do sono, também estão associados a um risco aumentado de demência. Isso pode ocorrer porque a apneia perturba o sono das pessoas ou porque tende a ocorrer em quem tem excesso de peso ou diabetes, o que também está ligado à demência. A apneia do sono limita a quantidade de oxigênio que chega ao cérebro, o que pode aumentar a inflamação cerebral e danificar vasos sanguíneos e células.

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 2)    Muito sono: Na outra ponta, dormir demais também parece estar ligado a um risco aumentado de demência, embora talvez de forma mais indireta. Se uma pessoa fica regularmente na cama por mais de nove horas por noite, ou tira várias sonecas durante o dia, pode ser um sinal de que ela está dormindo muito mal, o que pode aumentar o risco de doença de Alzheimer devido aos motivos listados acima. 

A necessidade de sono excessivo pode estar relacionada a uma deficiência mental ou física. Condições de saúde mental, como depressão, e condições de saúde física, como diabetes ou problemas cardiovasculares, estão associadas a um risco maior de demência, assim como a inatividade física, a solidão e o isolamento. 

Algumas das primeiras áreas do cérebro afetadas pela doença de Alzheimer são aquelas que ajudam a regular o sono e os ritmos circadianos. Como resultado, as pessoas que desenvolvem a doença podem ter problemas de sono antes mesmo de apresentarem sinais de perda de memória ou outros sintomas. 

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Junto com a amiloide, a outra proteína principal que se acredita causar a doença de Alzheimer é chamada tau. Assim como a amiloide, a tau também se acumula no cérebro, danificando as células cerebrais. Um dos primeiros lugares onde o acúmulo de tau aparece são as áreas do tronco cerebral importantes para regular o sono e a vigília. O aparecimento precoce da proteína tau nessas áreas perturba os ciclos de sono-vigília.

A prática regular de esportes é uma aliada fundamental não apenas para noites de sono reparador, mas também na busca por um estilo de vida saudável. Mantenha em dia seus check ups médicos, eles antecipam eventuais doenças e possibilita tratá-las a tempo.

Saúde é prevenção!

Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, criou a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França e autor de quatro livros: Como se tornar um bom estressado (editora Salamandra), O cérebro emocional (editora Rocco), Emoções e saúde (editora Rocco) e Saúde é Prevenção (editora Rocco), com o médico Galileu Assis, diretor da Med Rio Check-Up.

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