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Esquinas do Esporte

Por Alexandre Carauta, jornalista e professor da PUC-Rio Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pelos caminhos entre esporte, bem-estar e cidadania
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O dilema da balança econômica no esporte

Indústria equilibra-se entre a vista grossa lucrativa e o risco de perder patrocinadores e consumidores alinhados à responsabilidade social

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Atualizado em 3 mar 2022, 19h16 - Publicado em 3 mar 2022, 12h10
Balança expõe o peso de interesses econômicos e humanitários da Copa
Clubes e torneios como a Copa do Mundo buscam se ajustar às pressões econômicas por compromisso socioambiental (Pixabay/Reprodução)
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Invasão consumada, Polônia, República Tcheca e Suécia logo descartaram enfrentar a Rússia na repescagem da Copa. O assalto à Ucrânia ganhava o quinto dia quando a Fifa decidiu acompanhá-las.
O intervalo emite uma radiografia da indústria esportiva.

A relativa demora em suspender os russos das competições internacionais pode ser creditada à complexidade da guerra ou à geopolítica em xeque. Não seria exagero atribui-la, em especial, ao xadrez econômico do futebol globalizado.

Investimentos de várias origens movimentam 100 bilhões de dólares anuais no setor. Parte deles se deve ao cultivo de imagens. Há um século marcas associam-se ao esporte para polir reputações e relacionamentos de consumo. Impulsionada com a midiatização, a tática é seguida por empresas como a Coca-Cola, patrocinadora olímpica desde 1928, por personalidades, políticos, países.

Alguns vínculos miram lavagens morais ou financeiras. O portfólio inclui desde ligações com chefes do bicho, anistiadas no folclore do futebol brasileiro, até compras de clubes e torneios por oligarquias frouxas à idoneidade. Beneficiam-se da vista grossa seletiva.

O PSG de Neymar, Messi e Mbbapé está entre os casos emblemáticos. Pertence desde 2011 ao fundo de investimento soberano do Catar. Além de suspiros e receitas, agrega estima indireta ao emirado do Oriente Médio. O timaço adquire, por tabela, um papel estatal.

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Polimento semelhante espera do Mundial a monarquia catariana, às voltas com denúncias de abusos contra mulheres, migrantes, homossexuais. Apontados por organizações como Anistia Internacional e Human Rights Watch, os vilipêndios jamais ameaçaram a escolha do país-sede. Tampouco despertaram boicotes. Nenhuma pedra no caminho da arrecadação estimada de US$ 6,4 bi.

Discursos de neutralidade camuflam a preponderância de conveniências comerciais e políticas controladas pelos regentes esportivos. O capital se desloca para manter o domínio da bolada.

Paradoxalmente vem do mercado a esperança de desintoxicação. Influenciados por consumidores com as mídias sociais em punho, patrocinadores se mostram menos tolerantes a práticas desfalcadas de responsabilidade socioambiental, governança, ética humanitária.

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Pressões econômicas historicamente constituem um gatilho à mudança de rumo, nem sempre melhor. Ora rascunham o destino do planeta e das chuteiras.

A ordem esportiva encara o dilema entre a relativização lucrativa e o risco de perder prestígio, patrocínio, e o bonde da História.

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Caldeirão temerário

Partidas às quatro da tarde no verão carioca são triplamente cáusticas. Sacrificam a saúde dos jogadores, o conforto dos torcedores e o espetáculo.

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O condicionamento apurado não livra atletas dos desgastes inerentes à atividade prolongada e intensa sob forte calor. No barato, prejudicam a performance esportiva e a qualidade do jogo. Desidratam o consumo.

Muito pior, claro, é o risco à segurança física dos competidores. Nenhuma conveniência comercial ou logística o justifica. Mantê-lo indica falta de sensatez, empatia e profissionalismo.

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Alexandre Carauta é doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação Física.

 

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