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Daniela Alvarenga

Por Daniela Alvarenga, médica, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
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A menopausa chegou, e agora?

Precisamos falar sobre o tema, que ainda é tabu, porque as mulheres estão com a cabeça e o corpo por 'cima da carne seca', mesmo que alguém ainda duvide

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Atualizado em 29 jan 2021, 12h16 - Publicado em 29 jan 2021, 11h58
Precisamos falar sobre a menopausa e a prevenção de sintomas
 (Canvas/Reprodução)
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O título pode soar que estou advogando em causa própria. Afinal, estou com 48 anos e logo serei uma mulher de 50. Mas meu interesse sobre a nova postura, comportamento e estratégias de cuidados nesta fase da vida surgiu no consultório, observando minhas pacientes faz algum tempo. Tenho me dedicado muito a essa faixa etária! Abracei esta causa. A mulher de 50 está não só com a vida profissional ativa e com a beleza em dia, mas com a cabeça mais jovem. As “cinquentinhas” ainda estão na juventude sim! Como, então, fazer com que a beleza e o funcionamento do corpo acompanhem esta vitalidade toda?

A necessidade em responder a esta pergunta e solucionar as questões da mulher com mais de 50 é tal que hoje já existem congressos e sociedades de medicina específicos de menopausa e climatério. Dentro da ginecologia já tem até uma subespecialidade nesta fase. Estão todos de olho na mulher do futuro. E como equilibrar a perda de massa magra e da produção de colágeno e de hormônios fundamentais que ocorrem pós-50 de modo que corpo, pele e mente não sintam de maneira tão drástica as mudanças?

Ainda existe tabu e muito preconceito quanto à menopausa. É como se ela batesse na porta e a velhice entrasse junto. Mas, NEGATIVO. Eu vou brigar por e com essa mulher de todas as maneiras que a sensibilidade e a medicina permitirem, mantendo a autoestima e a qualidade de vida nesta fase. Para começar, precisamos falar mais abertamente sobre menopausa para quebrar estigmas.

Os sintomas interferem em diversas áreas. No rosto começa a se intensificar o “derretimento”, a perda do viço, a acentuação das rugas, piora das olheiras, o bigode chinês. Na vida sexual, a mulher pode passar a ter secura vaginal, dor na relação sexual e queda na libido. Em relação ao corpo, pode observar aumento do peso, dificuldade no emagrecimento, piora da celulite e flacidez, ressecamento da pele e cabelo e dificuldade de ganhar massa magra. Além disso,  pode-se sentir ondas de calor, cansaço crônico, irritabilidade, piora da qualidade do sono, depressão e esquecimentos. O bloco de queixas é tão amplo que mexe com o equilíbrio psicológico, em especial de mulheres mais dinâmicas, que ainda estão na ativa na vida profissional.

Segundo o IBGE, o Brasil tem 24 mil idosos com 100 anos ou mais, sendo 70% mulheres. “Se observarmos que a maioria dos centenários no Brasil é mulher, entendemos que aos 50 estamos na metade da vida”, diz Viviane Monteiro, ginecologista e obstetra que só em 2020 realizou 5 partos entre mulheres de 48 e 50 anos. Então, se estamos vivendo muito mais, é preciso investir em qualidade de vida e prevenção.

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Em geral, o diagnóstico de menopausa no Brasil é em torno dos 50. Existe um arsenal terapêutico absurdo, uma “tropa de choque” super preparada para acompanhar essa mulher da qual eu e Dra. Viviane fazemos parte. Dermatologista, ginecologista, endocrinologista, nutrólogo, terapeuta, nutricionista e preparador físico. O mais bacana de tudo é que já conhecemos os sintomas e quadro clínico desta fase e com isso devemos começar a atuar cada vez mais cedo, ou seja, se prevenir o quanto antes.

Investir muito antes da menopausa em boa alimentação, suplementação e prática de atividade física é fundamental para controle do peso, redução do nível de cansaço, manutenção da massa magra e redução do risco cardiovascular. Na pele devemos investir em colágeno, skincare e antioxidantes orais para rosto e corpo, estruturação óssea e dos compartimentos de gordura, aliviar as rugas, bioestimuladores e ajudar na  contração muscular da face e do corpo.

Apesar de terem médicos que ainda adotam uma linha mais conservadora em relação à reposição hormonal, os estudos e avanços nos últimos anos têm derrubado mitos. “Não se pode dizer ‘sou contra’ ou ‘a favor’ da reposição hormonal simplesmente. E não se pode lidar com aquela informação antiga de que reposição hormonal é igual a câncer de mama. É preciso fazer uma avaliação individualizada da paciente das questões de saúde, sociais, profissionais e do impacto que a menopausa pode trazer para entender se é recomendável e se é um desejo da mulher”, explica Dra Viviane.

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Para mulheres que não podem fazer a reposição hormonal, há recursos não hormonais como fitoterápicos, a fisioterapia pélvica e o laser intravaginal, que foi revolucionário na qualidade da vida sexual e com o qual já trabalhamos há mais de 5 anos. O tratamento melhora a qualidade urinária, o conforto e o prazer na relação, porque melhora a estrutura muscular e a irrigação na região.

Segundo a Dra Viviane, a reposição feita nos primeiros cinco anos de menopausa da maneira correta melhora níveis de redução de massa magra, reduz risco cardiovascular, diminui a infecção urinária de repetição, o esquecimento e o sintoma depressivo. Sem falar na melhora da pele e da qualidade da vida sexual. O tratamento hormonal pode ser feito com diferentes técnicas: oral, transdérmica, vaginal, por implantes e via DIU. O tipo e a quantidade de hormônio a ser administrado também varia muito.

É aí que entra a chamada janela de oportunidade e a estratégia da prevenção – conceito muito usado também na dermatologia de começar a tratar antes que o “estrago” seja feito. Seu médico pode antever problemas futuros e pequenas oscilações que já começam a aparecer a partir dos 40 também e é possível ir equilibrando hormônios de maneira suave, reduzindo o impacto futuro dos sintomas e os riscos médicos que aumentam pós-menopausa: diabetes, demência, cardiovascular e perda de massa óssea. Os tratamentos preventivos genitais com laser podem começar também a partir dos 40 ou mesmo após parto normal, que também pode interferir na estrutura muscular da região.

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Na dermatologia, começamos a prevenção em torno dos 30 anos com protocolos de estímulo à produção de colágeno e prevenção da formação de rugas e linhas finas. A tal da “poupança de colágeno” que como Skin Advisor recomendo a todas as minhas pacientes. O resultado não é imediato mas garanto que aos 50 começarão a ter um retorno fantástico desse investimento.

A medicina e  mercado de wellness estão tentando entender cada vez mais as necessidades das mulheres com mais de 50, mas a sociedade também precisa rever seus conceitos. Já deu de hater na internet criticando rugas de famosas com mais de 50. Quem ainda está nessa, está ultrapassado. Porque as mulheres de 50 estão mostrando ao mundo que estão por cima da carne, mesmo que alguém ainda duvide.

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