Paris 2024: Breaking, Grand Paris Express e LVMH
A dias da Olimpíada, vale ficar de olho nas novidades que prometem o verdadeiro ouro na área de conteúdo digital
Falta muito pouco para a Olimpíada de Paris começar e como se não bastasse a nossa animação para algumas particularidades super interessantes dessa edição, vale prestar uma atenção a mais nos pontos que fazem o maior evento esportivo do mundo e a cultura digital se encontrarem.
Primeiro, como já foi muito noticiado, essa é a primeira Olimpíada em que teremos equidade entre atletas homens e mulheres. Um feito surreal, se vocês pensarem que essa competição esportiva tem origem em Olímpia, na Grécia, antes de Cristo.
É também uma Olimpíada que já entendeu 100% o tamanho que o ambiente digital tem, com marcas se envolvendo no tema desde muito antes das competições começarem, a atletas compartilhando todos os bastidores dos seus treinos em uma jornada de audiência que nunca acaba. É a Creator Economy totalmente inserida na cultura do evento, com atletas de quase todas as delegações fazendo unboxing do kit olímpico, por exemplo.
Isso sem falar de uma edição que acontece em Paris, num período onde a França está mais agitada politicamente do que nunca, com uma cerimônia de abertura a céu aberto no Rio Sena, que preocupa muito a organização do evento por vários motivos. Desde o aumento do Terrorismo na Europa, o que é uma preocupação hoje e sempre, até as condições climáticas.
Mas vamos falar da minha parte preferida que é a comunicação digital. A cobertura do evento vai ser gigante. No formato clássico, só pra vocês terem uma ideia, a Globo, há um mês antes do evento já tinha 17 patrocinadores e 18 cotas vendidas. Transmissão multiplataforma, 16 equipes de reportagem em Paris e 12 horas de transmissão ao vivo todos os dias. Isso na transmissão clássica da TV aberta.
Mas e quando estamos falando da transmissão na internet? Vocês sabem que historicamente, Olimpíada e Copa do Mundo sempre foram dois eventos que fizeram o varejo vender mais TV´s. Só que agora, com a internet, a coisa não vai ser bem assim. Sem a exclusividade na web, a Globo agora vai ter concorrência forte na internet. É o caso da Cazé TV, por exemplo, que numa parceria com o streamer Casimiro e a Livemode, vai transmitir tudo ao vivo no Youtube e na Twitch com apresentadores de peso tipo a jornalista Fernanda Gentil.
No campo da Influência Digital dá pra ver que não tem ninguém de brincadeira, a começar pelo próprio Comitê Olímpico Brasileiro, o COB, que decidiu investir em influenciadores digitais de todos os tipos para alcançar o máximo público possível (diga-se de passagem até com umas polêmicas pelo caminho). E aqui, apesar de incrível a aposta, sempre cabe a problematização, não estaria o COB apostando só em macro influenciadores e deixando de lado quem realmente entende do assunto? Enfim, papo longo. O ponto é que não só eles a fazerem esse ótimo movimento de mercado. A mediatech Play9 também apostou no formato e trouxe até a Fátima Bernardes para estrear o seu canal no evento esportivo.
No campo das marcas o esporte é atravessado por infinitos assuntos correlatos: moda, tecnologia, comportamento, saúde, fitness, mentalidade, comunicação, não tem fim. Pra não fazer esse texto ficar maior do que já está vou escolher só três pontos de observação que acho fantásticos.
Primeiro: a estreia do Breaking como modalidade olímpica. É a cultura de rua sendo vista em um palco global, com formato vibrante, dinâmico, com os dançarinos frente a frente em confrontos direto. Acho de um simbolismo ímpar e vale dizer que a comunidade do TikTok dessa modalidade é gigante. São muitos vídeos virais e longos que elevaram esses competidores ao status de ídolos antes da estreia em Paris 2024.
Segundo: o subcontexto do Grand Paris Express. Os Jogos Olímpicos vão ser um pontapé inicial para um vasto projeto de transformação da capital francesa com a criação de quatro novas linhas de metrô que vão ligar Paris aos seus subúrbios, que são regiões muito menos abastadas e até mesmo agrícolas. Isso, em tese, não tem nada a ver com o evento esportivo, só que a primeira fase desse plano é marcada para acontecer por causa da Olimpíada. Então como vocês sabem que os parisienses são extremamente politizados e que a cidade vai estar lotada de turistas do mundo inteiro (e não necessariamente eles gostam disso), vai ser interessante ver os registros em tempo real desse experimento. É a rede social como um termômetro da história e da geopolítica.
Terceiro: todas as empreitadas das maisons francesas de luxo juntando a moda com o esporte de alto nível. Não sei vocês, mas eu estou louca pra ver as entregas de holdings como a LVMH que já declarou estar totalmente empenhada em fazer os detalhes memoráveis do evento, desde os artigos de couro que vão transportar os prêmios até a joalheria das medalhas, no que eles declararam ser algo em torno de 150 milhões de euros como investimento no evento, segundo o Wall Street Journal. Eles são os maiores patrocinadores locais. Imaginem os conteúdos que vão acompanhar essas estratégias.
Então é hora de torcermos pelo Brasil, e claro, analisarmos de perto tudo que for acontecendo sobre a cultura digital.
Com informações do O Globo, Exame, Folha de São Paulo e Valor Econômico
Carla Knoplech é diretora da agência Forrest, de conteúdo e influência digital, jornalista, palestrante e professora