Tamoios: uma travessa cheia de comida (e bebida!) no Flamengo
Novos negócios agitam a pequena Travessa dos Tamoios e prometem transformar o lugar num polo etílico-gastronômico na Zona Sul
Dá vontade de começar esse texto dizendo: “foi-se o tempo em que a pequena Travessa dos Tamoios, que conecta as avenidas Senador Vergueiro e Marquês de Abrantes, não passava de uma obscura e insignificante via do bairro do Flamengo”… Dá vontade mas não pode, porque isso não é de todo verdade. A Tamoios realmente é curta, discreta e, de fato, relativamente desprovida de uma boa iluminação. Mas obscura ela nunca foi. Ali já brilhou, por exemplo, o Estrelato, um barzinho porreta que funcionava como uma espécie de Bip Bip do chorinho no começo do século 21. Ali já funcionou o Mortadella’s, hoje em Botafogo. E ali funciona há decadas o Bambi, boteco que é uma embaixada futebolística do bairro.
Mas agora, caro leitor, a coisa está mudando. E para melhor. E bem rápido. Em questão de meses, a Travessa dos Tamoios vem se transformando num novo pólo etílico-gastronômico informal da cidade. Informal mas bastante ativo. Nomes famosíssimos da gastronomia popular mudaram-se ou estão em processo de mudança para lá. E as opções hoje já são inúmeras. Não acredita? Quer valer? Bora conferir:
– Liga dos Botecos: O bar que resume a nata da gastronomia popular da cidade acaba de abrir sua primeira filial na rua, bem na esquina com a Senador Vergueiro. Na foto, feita no dia da inauguração, vemos os sócios celebrando o futuro da casa que agitou Botafogo e agora ajuda a colocar a Travessa dos Tamoios no mapa. (@ligadosbotecos)
– Rio Tap Beer House: Já há mais de um ano no endereço, era uma discreto e minúsculo barzinho de artesanais. Mas há coisa de três meses passou por uma grande reforma, dobrou de tamanho e virou uma casa de respeito, que mistura com talento e jovialidade uma carta poderosa de cervejas artesanais com hambúrgueres autorais. Tudo ao som de rock and roll e de uma máquina de fliperama retrô que enolouquece crianças e velhos imaturos – como eu. (@riotap_beerhouse)
– Tango: O bar de inspiração musical e argentina do ex-empresário de casas noturnas Jan Vidor deu lugar ao novo Liga dos Botecos (do qual ele também é sócio) mas não sumiu do mapa. Muito pelo contrário: ressurgiu essa semana, numa versão pocket, focada no delivery de pizzas e empanadas, sua especialidade histórica. O endereço? Claro: Travessa dos Tamoios, número 7 (pedidos pelo Ifood e pelo whatsapp 21 3986-8992. @tango_delivery)
– Balaio do Zé: Cozinhero de mão cheia, o Zé (que na verdade se chama Alexandre, vai entender…) deixou o seu badalado Zezimbar de Copacabana para abrir, coisa de um mês atrás, o novo Balaio do Zé, no final da Tamoios, quase na esquina com a Marquês de Abrantes. O bar-restaurante de inspiração portuguesa traz todo o talento das panelas do Alexandre na forma de pataniscas, pastéis, croquetes, alheiras, empadas e fartos pratos de frutos do mar. A casa também investe nos drinques e na happy hour, com promoção de chope à vontade por R$ 49,90 de segunda a quarta. (@balaiodoze)
– Bambi: Entre o Liga e o Tango ainda temos o histórico Bambi, um botequim de raiz que tem uma foto do Maracanã colada na parede e que recebe, com igual generosidade, as torcidas dos quatro grandes clubes do Rio todo e qualquer dia de jogo, seja na divisão que for. Cervejas nevadas, batatas fritas generosas e baldes de linguiça calabresa estão no rol de atrações simples e matadoras da casa. (@barbambifla)
– Desacato: E pra encerrar, contrariando as normas mais básicas do bom jornalismo (mas isso aqui é o meu blog, e no meu blog eu faço o que eu quiser) a novidade vem no pé: inaugura em janeiro, ao lado do Rio Tap, um novo Desacato. Isso mesmo, o badalado e premiado bar do Baixo Leblon está deixando o bairro mais caro do planeta para abrir uma versão mais simples, despojada (e viável) lá na Travessa dos Tamoios.
É por isso que eu digo, caro leitor: a Travessa dos Tamoios está se transformando, de forma espontânea, num novo pólo gastronômico do Rio. E já sei que vem mais por aí. A prefeitura já percebeu o movimento, está de olho e há estudos para transformar a rua – que já não tem muito movimento de automóveis mesmo – numa via parcialmente fechada aos carros, com espaço permanente para mesas e quiosques gastronômicos ao longo da calçada. Quem viver verá.