Malhação de rico: VEJA RIO visita a XN Leblon, academia mais cara da cidade
Repórter pedalou até chegar à exaustão na aula de bike indoor e levantou pesos com personal exclusivo no estúdio fitness com mensalidade de até 3 000 reais
Equipados com sapatilhas profissionais e devidamente encasacados numa manhã gelada do inverno carioca, três gatos pingados de suor pedalavam em ritmo frenético ao som de Movimento da Sanfoninha, de Anitta. As duas mulheres e o homem na faixa dos 40 anos arrancaram seus casacos nos primeiros cinco minutos da aula de bike indoor da novíssima XN Leblon. A sala escura, com espaço para 24 pessoas, é iluminada por LED estroboscópica que alterna entre o vermelho, o azul e o branco. Durante quase uma hora – tempo suficiente para quase levar a repórter à exaustão – os giros constantes das pernas eram acompanhados por flexão de braço, abdominal e até quadradinho de oito com os glúteos, sincronizados com as batidas vindas das caixas de som. Sim, tudo isso em cima da bike, exigindo fôlego em dia e altas doses de coordenação motora. “Tem gente que pedala até vomitar e desmaiar, mas também dá para curtir de olhos fechados e chorar. É uma experiência emocional”, enfatiza Bruna Britto, sócia da XN Leblon. A repórter não chegou a um desses extremos, vale dizer.
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Eram 7h30 de uma sexta quando a equipe de VEJA RIO visitou o “estúdio fitness” e experimentou alguns dos serviços à disposição dos clientes no espaço de 600 metros quadrados, que recebeu investimentos de 7 milhões de reais. Inaugurada há um mês, a academia ostenta a mensalidade mais salgada do Rio – os pacotes podem chegar a 3 000 reais. O carro-chefe ali é a exclusividade. No primeiro atendimento, uma moça simpática enviou um arquivo com os valores dos planos mensais, pacotes de aulas avulsas e day pass. O combo para um dia de bike indoor e musculação com personal custa 250 reais. No espaço dedicado ao fortalecimentos dos músculos, o limite é de quinze alunos inscritos por horário, que fazem o agendamento por um aplicativo. Em nenhuma hipótese, eles malham sozinhos. Durante a visita, apenas seis pessoas ocupavam o recinto – três mulheres de diferentes gerações, mas vestidas iguais: calça e top da mesma cor, moletom amarrado na cintura, tênis coloridos e brincos chamativos. “O Leblon tem pouquíssimas opções e eu pago caro para treinar em paz. Vejo como um investimento”, argumentou a médica Andressa Bazzo, 38 anos, que desembolsa 2 200 reais por mês para frequentar a XN seis vezes por semana.
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No segundo andar, em um ambiente decorado com um vaso de bambu-da-sorte e duas poltronas de couro, outros alunos aguardavam a vez de puxar ferro enquanto beliscam lanchinhos proteicos e mandam para dentro um morning shot, oferecidos gratuitamente junto com energéticos. Para a tristeza da repórter, a máquina de café expresso estava sem água. À primeira vista, os equipamentos de musculação causam certo espanto, com correntes aparentes e nenhum sinal de tecnologia. Modernidade, ali, só no par de esteiras com carregador de celular e tela com acesso a plataformas de streaming. “Quem é bem ignorante no assunto acha que as nossas máquinas são obsoletas. Não precisa ser bonito, mas eficaz”, defende a sócia da XN. Os modelos foram desenvolvidos por Alexandre Negão, treinador famoso no universo fitness barrense, responsável por esculpir o corpo de famosas como Gracyanne Barbosa e que há oito anos criou uma metodologia própria para a primeira XN, aberta no Shopping Downtown. O conjunto de máquinas no estilo “old school” foi fabricado à mão por um serralheiro em Belford Roxo. “É possível conjugar os exercícios, e os treinos são montados de acordo com a necessidade de cada pessoa”, explica Xande, como é conhecido. A clássica cadeira abdutora, por exemplo, ganhou uma versão em pé – para uma maior ativação do bumbum. Graças a ela, a repórter passou o dia seguinte praticamente sem conseguir dar um passo.
Na prática, a diferença de uma unidade para a outra da XN – ambas com projeto assinado pela lGF Arquitetura e Construção, com ambientes amplos, decorados com aço e madeira, e iluminação industrial – é o público. No Leblon, o foco é a saúde e o lifestyle. Já na Barra, a prioridade é a estética, e os frequentadores vão das cantoras Ludmilla e Juliette a políticos, como o filho de Sérgio Cabral. Na contramão da profusão de academias de baixo custo mensal, entupidas de gente, cujo exemplo maior é a Smart Fit, a XN Leblon surfa na tendência high ticket – com valores altíssimos e a promessa de um atendimento individualizado. Entre as recém-chegadas a esse mercado também estão a Silva Gym, com filiais em Botafogo, Lagoa e Barra, e o Estúdio Qualivida, que rapidamente se espalhou do Arpoador à Tijuca. Por enquanto, a XN Leblon tem pouco mais de cem matriculados, atendidos por um time de profissionais treinados na matriz por oito meses – a maioria com experiência em mercado de luxo e fluência em inglês. E os corredores devem permanecer (quase) vazios. “Se lotar, tudo perde o sentido”, conclui Bruna. A repórter sentirá saudade do dia em que não precisou encarar a fila do leg press. Um luxo para poucos malhadores.
Atualização: nesta quinta (14), a assessoria da cantora Juliette procurou VEJA Rio para avisar que a artista não frequenta a XN Barra. A informação havia sido transmitida à reportagem pela sócia da academia.
