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Racismo em Ipanema: PMs serão denunciados a Conselho de Direitos Humanos

Abordagem a adolescentes negros filhos de diplomatas será denunciada pelo embaixador do Gabão, pai de um deles

Por Da Redação
Atualizado em 12 ago 2024, 16h09 - Publicado em 12 ago 2024, 16h05
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Racismo: PMs desceram com as armas em punho e obrigaram adolescentes negros e filhos de diplomatas a encostar na parede para revista (Redes sociais/Reprodução)
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O embaixador do Gabão, Jacques Michel Moudouté-Bell, pai de um adolescente negro de 13 anos abordado por policiais militares em Ipanema, em julho, irá denunciar o caso ao Conselho Nacional de Direitos Humanos. Segundo a advogada da família, Raquel Fuzaro, em entrevista ao jornal O Globo, os três adolescentes tiveram os direitos vilipendiados.

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Abordagem discriminatória por perfilamento racial. Dizer que fizeram a abordagem violenta porque estavam procurando um menino com as características físicas e de cor do grupo é ilegal, assim decidiu o STF. É preciso uma situação suspeita e não pessoas com cor de pele suspeita“, disse a advogada, ao comentar o relatório investigação da Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) que inocenta os agentes envolvidos na ação. Segundo o documento, os dois policiais militares que abordaram quatro jovens — um branco e três negros, sendo um filho do embaixador do Gabão, um filho do embaixador do Burkina Faso e um filho do diplomata do Canadá — não cometeram racismo.

O caso aconteceu no dia 3 de julho e foi registrado por câmeras de segurança. Nas imagens, é possível ver que os PMs apontam as armas para os adolescentes, de 13 e 14 anos. O grupo tinha ainda mais um adolescente branco que já estava na entrada de um prédio na Rua Prudente de Morais enquanto os outros quatro jovens eram abordados.

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A advogada também destacou que a família esperava que a delegada responsável pela Deat respondesse se os policiais militares relataram o que visualizaram no momento da abordagem que justificasse o uso da arma em punho e na cabeça de adolescentes de 13 e 14 anos. E questiona o motivo pelo qual o adolescente branco entrou no prédio sem que sua permanência no local da ação dos PMs fosse solicitada, enquanto os meninos negros foram alvo de uma ação mais violenta. Além disso, ela quer saber o motivo de os agentes dizerem aos meninos que eles não deveriam sair pelas ruas da cidade, pois seriam abordados novamente, e com a ameaça de que a abordagem seria pior.

“A quarta questão é porque estão ignorando a informação de que os policiais não estão portando câmeras corporais se estavam em ação de busca de criminosos. Outra pergunta é, como justificaram a violação da imunidade diplomática dos três meninos negros, prevista na Convenção de Viena de 1961, que somente ocorreu pela abordagem com extrema violência de perfilamento racial? Como justificaram a violação de adolescentes que tiveram sua vida em risco com arma na cabeça, uma vez que a simples falta de compreensão da situação pelos adolescentes estrangeiros poderia ter resultado em uma ação fatal?”, acrescentou Raquel, lembrando que a legislação estabelece que crianças e adolescentes devem ser colocados a salvo de todo tipo de violência, discriminação, opressão, crueldade: “Essa lei está na Constituição Federal e consta no Estatuto da Criança e Adolescente. Abordagem por perfilamento racial é ilegal, assim julgou recentemente o STF”.

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Também ouvida pelo jornal, Rhaiana Rondon, mãe do adolescente branco que acompanhava os demais, contou que um dos amigos do filho teve episódios de pânico e, hoje, precisa de acompanhamento psiquiátrico, se recusando a sair de casa sozinho desde o ocorrido. Os outros dois jovens saíram do país e dizem que não voltam mais para o Rio de Janeiro. “Meu filho está bem, sabe que isso jamais aconteceria com ele e com outros amigos. Se não foi racismo, qual foi o motivo da abordagem violenta às crianças? Por que foram ameaçadas a não andarem na rua novamente? O que pareceu suspeito na cena que justifique a falta de diálogo? O racismo vai muito além de proferir palavras racistas. Crianças foram violentadas fisicamente, psicologicamente e traumatizadas. Já basta! Seguiremos com esse processo até a última instância”, afirmou.

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