Praias da Ilha do Governador vão ficar próprias para banho? Entenda
Obras de despoluição da Baía de Guanabara prometem levar banhistas de volta às orlas da Bica, da Guanabara e da Engenhoca
Depois da Praia do Flamengo e da enseada de Botafogo, a maré começa a melhorar para os frequentadores da Praia da Bica, na Ilha do Governador, que deve voltar a ser poder mergulhar por lá. Isso porque chegou a vez deste bairro da Zona Norte receber obras do programa de despoluição da Baía de Guanabara, o mesmo que recuperou os trechos da Zona Sul. Obras para captar e tratar mais esgoto, aliadas à posição privilegiada da praia que fica diante de um canal que leva água do oceano, devem devolver esse espaço aos banhistas no verão de 2026/27. As praias da Guanabara e da Engenhoca também devem ser beneficiadas.
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As praias da Ilha do Governador foram balneários muito frequentados por insulanos e visitantes até o início dos anos 1970. O cenário começou a mudar em março de 1975, com o vazamento de 20 mil toneladas de óleo do petroleiro iraquiano Tarik Ibn Ziyad na região. De lá para cá, o despejo de esgoto irregular e de lixo só agravaram a situação. Para piorar, em 18 de janeiro de 2000 aconteceu o desastre considerado a maior tragédia da história da Baía de Guanabara: 1,3 milhão de litros de óleo vazou de um duto da Petrobras que ligava a Refinaria Duque de Caxias (Reduc) ao Terminal Ilha D’Água, afetando cerca de 40% da vida marinha.
Em entrevista ao jornal O Globo, Sinval Andrade, diretor institucional da Águas do Rio — concessionária que assumiu o serviço antes feito pela Cedae —, disse que as obras de interceptação de esgoto, a reforma da Estação de Tratamento da Ilha (Etig) e a posição privilegiada da Bica devem trazer bons resultados já no segundo semestre de 2026. Inaugurada em 1969, a estação está sendo modernizada desde 2023 para dobrar sua capacidade, podendo chegar a algo próximo de 440 litros tratados por segundo.
O projeto prevê melhorias em todas as etapas do processo do tratamento do esgoto, afirma a empresa, com a instalação de grades automatizadas, a reforma dos decantadores e a troca de aeradores e da centrífuga. O objetivo é captar e levar para a Etig o esgoto jogado irregularmente na baía. “Dividimos nosso plano em duas frentes. Buscamos coletar todo o esgoto que estava sendo despejado indevidamente, por meio do sistema de coleta em tempo seco, e encaminhá-lo à estação de tratamento. Ao mesmo tempo em que veio a reforma total da Etig”,— explicou Sinval ao Globo.
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As ações da empresa começaram com a eliminação de ligações clandestinas: 249 foram desativadas, e mais de duas mil desobstruções realizadas. Ainda serão criados cinco novos pontos de coleta na Praia de São Bento, na Portuguesa, no Corredor Esportivo e no Jardim Guanabara. Assim, 4,9 milhões de litros de água contaminada deixarão de poluir a baía, o equivalente a duas piscinas olímpicas por dia. O investimento é de aproximadamente R$ 11,4 milhões. Boletins do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) reforçam a tendência. Entre janeiro e setembro deste ano, a Praia da Bica foi considerada própria para banho em 40% das medições — quase o dobro de 2024.





