Novo paintball? Quais são os perigos da arminha de gel, que chegou ao Rio
Grupos numerosos de adolescentes com artefatos que imitam fuzis se enfrentam em locais públicos da cidade
A cena assusta e lembra as guerras entre traficantes, e invasões de comunidades por facções rivais. Porém, os jovens que invadem armados um caminhão da Comlurb no Complexo da Maré estão carregando armas que atiram projéteis de gel, uma brincadeira, a princípio, que está virando febre em diversos lugares do Brasil, chegou ao Rio e causa preocupação.
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O vídeo citado circula na página Maré Vive, nas redes sociais, e mostra o provável início de mais uma das batalhas que ocorrem entre dezenas de adolescentes portando suas armas. Em outro vídeo nas redes, dezenas de adolescentes e crianças correm armados por área identificada como uma comunidade na Zona Oeste.
Ao contrário do paintball, atividade que ocorre em locais fechados e com proteção, as armas de gel atiram em lugares abertos e cheios, ao lado de transeuntes, sem proteção. Os grupos se enfrentam e divulgam os confrontos nas redes sociais.
Armas de origem chinesa, definidas pelos vendedores na internet como “brinquedo arma de bolinha de gel elétrica”, têm preços que variam de R$ 389,00 a R$ 650,00. Antes da febre das batalhas nas ruas, o produto custava aproximadamente R$ 70. Até granadas com gel são comercializadas ao preço de R$ 750,00.
Os modelos são bem parecidos com pistolas automáticas reais, fuzis como o AK-47 e rifles. A munição é composta por minúsculas bolinhas, que precisam ser colocadas na água para atingir o tamanho adequado para carregar os artefatos. Normalmente, a embalagem vem também com óculos de proteção.
“Se eles atiram um projetil que possíveis de causar um dano, não são brinquedos. Justamente para não poderem ser usadas em assaltos e se passar por armas de fogo. Os projéteis de gel não machucam, mas os vídeos incentivam a machucar, ainda que na brincadeira. Esse tipo de prática precisa ser regulamentada com algum tipo de legislação”, disse sociólogo e pesquisador Eduardo Ribeiro, do Laboratório de Análise da Violência da UERJ, o jornal O Globo, acrescentando que o ato pode ser considerado de dersordem pública.
Segundo parâmetros do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), as armas de projéteis de gel não podem ser consideradas brinquedos, embora não exista nada na legislação brasileira que proíba sua venda. De acordo com o Inmetro, a regulamentação define que brinquedos são produtos destinados ao uso por crianças menores de 14 anos. De outra forma, não podem receber o Selo de Identificação da Conformidade.
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“Todas as armas de brinquedo, com ou sem projéteis, devem cumprir os requisitos, advertências e indicações aplicáveis a todos os tipos de brinquedos e atender à identificação prevista no Anexo C da Portaria Inmetro nº 302, de 2021, que determina as marcações ou identificações de brinquedos similares a armas, bem como o Anexo V – Lista de Produtos que explicitamente, não são considerados brinquedos, no item 47. Imitações de armas de fogo. Ressaltamos que a comercialização de imitações fieis de armas de fogo é proibida no Brasil“, diz a nota do Inmetro, afirmando que objetos como armas de paintball não se encontram sob a competência do órgão.