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Sem pudor no ‘zap-zap’: como funcionava esquema de corrupção de PMs presos

Propina para milícia e achacados chamados de 'padrinhos' estão nas conversas trocadas em grupo de mensagens do 39º BPM (Belford Roxo)

Por Da Redação
15 Maio 2024, 13h41
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Operação Patrinus: um dos 14 policiais militares investigados segue sendo procurado. (TV Globo/Reprodução)
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Treze policiais militares lotados no 39ª Batalhão (Belford Roxo) foram presos em uma operação do Ministério Público do Rio (MP-RJ) desencadeada nesta terça (14) e batizada de Patrinus. O objetivo era prender 14 PMs acusados de corrupção passiva, organização criminosa e peculato. Investigação do MP-RJ e da Corregedoria da corporação revela a naturalidade com que os agentes tratavam a cobrança de propina e a variedade das formas usadas por eles para lucrar em um aplicativo de mensagens: da venda de pneus de carros apreendidos à negociação com bandidos para recuperar veículos roubados e faturar prêmios de seguradoras.

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Os crimes, cometidos entre 2019 e 2020, foram descobertos após análise da extração conteúdo do celular do acusado Julio Cesar Ferreira dos Santos, que responde por duplo homicídio na 1ª Criminal Tribunal de Belford Roxo. Através da análise dos dados, foi identificada uma verdadeira organização criminosa entre PMs lotados no Setor Alfa do 39º BPM, com a finalidade de extorquir dinheiro de comerciantes e mototaxistas. Além disso, foram identificados crimes de peculato por meio da apreensão e posterior desvio de drogas, armas de fogo, celulares e peças de veículos. Um PM ainda está sendo procurado.

Os policiais militares presos conversavam livremente e “sem qualquer pudor” sobre os esquemas de corrupção em um grupo de WhatsApp  criado para discutir assuntos relacionados ao batalhão, segundo o MP. “(…) Os denunciados integravam um grupo de WhatsApp denominado ‘STR ALFA 39º BPM’, por meio do qual eram discutidos assuntos relacionados ao referido setor do aludido batalhão”, diz a denúncia do MPRJ. “Ocorre que neste mesmo grupo eram trocadas diversas mensagens em que os denunciados, sem qualquer pudor, falavam sobre esquemas de corrupção mantidos entre eles e sobre a incessante busca por novos ‘padrinhos’, ou seja, comerciantes que poderiam pagar valores aos policiais militares em troca de uma maior segurança em seus comércios.”

Segundo os promotores, além de extorquir dinheiro de lojistas, motoristas de transporte alternativo e de mototaxistas, o grupo também cobrava propina — R$ 100 semanais — dos milicianos de Belford Roxo para eles “continuassem exercendo suas atividades criminosas sem serem incomodados pela Polícia Militar”. Os donos de estabelecimentos achacados eram chamados de padrinhos pelo grupo — daí o nome da operação, no latim patrinus.

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O MPRJ afirma ainda que os policiais faziam acordos com traficantes e recebiam “prêmios” para recuperar carros roubados. Quando os carros eram recuperados, os PMs ainda retiravam algumas peças (pneus, rodas e baterias), para vender no mercado clandestino. Em uma mensagem, um dos presos diz que negociou quatro pneus por R$ 450: “450 $ cada pneu. A roda é de ferro. Ele não quis.”

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