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As iniciativas das empresas cariocas para reter talentos da tecnologia

Com profusão de vagas e escassez de gente qualificada, é preciso correr atrás de bons quadros para garantir o futuro

Por Marcela Capobianco
Atualizado em 18 out 2024, 18h34 - Publicado em 18 out 2024, 06h52
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Tecnologia: estudo do Google prevê déficit de mão de obra até 2025 (Galeanu Mihai/iStock/Getty Images)
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A vida para quem se embrenhou pelo ascendente setor de tecnologia vem sendo embalada por uma equação que hoje beneficia, e muito, quem tem conhecimento e experiência nesta área — a procura supera a oferta de talentos. E dá-lhe boca a boca para rastrear cérebros, saga vivida por profissionais como a head­hunter carioca Elisa Jardim, que, ao ser escalada para preencher vagas em desenvolvimento web ou segurança da informação, muitas vezes nem consulta o LinkedIn, tentando encurtar o caminho.

“Invisto em um trabalho à moda antiga, ligando para pessoas conhecidas e perguntando se elas conhecem alguém que se encaixe no perfil solicitado”, conta Elisa, da consultoria de recrutamento especializado Robert Half. A estratégia adotada por ela e outros mira rastrear bons quadros antes que sejam pinçados pela alta concorrência. “Acontece o tempo todo de uma startup treinar um funcionário e ele logo ser recrutado por uma big tech”, diz Mariane Takahashi, CEO da Associação Brasileira de Startups, com 259 associados no Rio de Janeiro. “Sabemos de empresas daqui que tiveram que contratar gente até na Índia e na Estônia. O mercado interno não está dando conta”, arremata.

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E não há promessa de melhora nos próximos tempos para quem garimpa a excelência. Um levantamento do Google projeta que, até 2025, haverá déficit de 530 000 profissionais no setor de tecnologia brasileiro. No Rio, um mapeamento da Firjan, em parceria com o Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual (Sicav), constatou que, em meio à ebulição digital, mais da metade das empresas do setor no estado enfrenta dificuldade de encontrar pessoas plenamente capacitadas para lidar com a inovação. É sob essa moldura que reter talentos e mantê-los atualizados se tornou grande desafio.

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A Radix, empresa global de tecnologia fundada em solo carioca, em 2010, criou a Universidade Corporativa, para talhar as habilidades requeridas, tudo sob medida. Parte da carga horária de seus 1 700 colaboradores é dedicada a treinamentos sobre linguagens e softwares, e eles são muito bem tratados: dispõem de benefícios extras, como sessões de ioga e meditação, além de jornadas mais maleáveis. “O que era atrativo há quatro anos, hoje é pré-requisito, como o modelo de trabalho remoto e a flexibilidade da carga horária”, avalia Daniella Gallo, head de gente e gestão da Radix.

Benefícios extras: Daniella Gallo, da Radix, levou ioga e meditação para os funcionários
Benefícios extras: Daniella Gallo, da Radix, levou ioga e meditação para os funcionários (Marcio Mercante/Divulgação)
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Uma frente de incentivos para esses profissionais também vem dos desafios intelectuais que lhe são postos. Voltada para soluções digitais no mercado de telecomunicações, a Netcon Americas, por exemplo, ajudou a criar o projeto piloto do Scinet, instituto que se dedica às tendências da indústria 4.0, com ações focadas em tecnologia da informação e da comunicação. “Ao colaborar em projetos de altíssimo nível, eles se sentem incentivados a seguir aprendendo. Assim, é mais fácil retê-los”, enfatiza Cristiano Ferraz, diretor de tecnologia da companhia, que tem escritórios no Rio, em Miami e Bogotá e atende clientes como Petrobras, Eletrobras e GE.

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O recém-divulgado mapa de profissões da Firjan reforça que, levando em conta estabilidade, renda e perspectivas, os cargos de engenheiro da computação e de controle e automação, além de operadores de equipamentos pilotados remotamente, oferecem as mais promissoras portas. “Já me questionaram se esse sucesso todo é uma bolha prestes a explodir. A resposta é: eles certamente terão emprego garantido nos próximos anos”, afirma Jonathas Goulart, economista-chefe da Firjan.

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Leonardo Edde, da Firjan: “Investir na formação de talentos é garantir o futuro”
Leonardo Edde, da Firjan: “Investir na formação de talentos é garantir o futuro” (Paula Johas/Divulgação)

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Para quem quer dar uma guinada na carreira e migrar para tão profícua área encontra boa capacitação nos setores público e privado — como o Programadores Cariocas, da prefeitura, que em seu primeiro ciclo formou 750 jovens, e o Forsoft, na área de infraestrutura de redes, ambos em parceria com o Senac. Fomentando a cultura da inovação, o Serratec, parque tecnológico da região serrana, também dispõe de qualificações diversas. Já o Sebrae lançou em setembro o Programador Empreendedor, para aprimorar habilidades comportamentais e de gestão de desenvolvedores independentes de sistemas. “Investir na formação de talentos é garantir o futuro das empresas e dos profissionais”, diz Leonardo Edde, vice-presidente da Firjan e presidente do Sicav. E assim, de código em código, caminha a humanidade.

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