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Delegado faz desabafo pessoal sobre caso Marielle

Brenno Carnevale, da Divisão de Homicídios da Capital (DH), escreveu carta endereçada a Marielle em que fala sobre as difíceis condições de trabalho

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
6 jun 2018, 17h25
marielle franco está sorrindo. Ela usa vestido preto com stampas verdes e vermelhas. O cabelo está semipreso.
Marielle Franco: cinco anos depois, assassinato da vereadora segue sem resposta (./Reprodução)
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Através de uma carta endereçada à Marielle Fracno, o delegado Brenno Carnevale fez um desabafo sobre as precárias condições de trabalho na Divisão de Homicídios da Capital (DH), que investiga o assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes em 14 de março.

“Diante do caos programado, sinto muito confessar-lhe que a solução do seu caso pressupõe a paralisação de uma infinidade de investigações de outras mortes, pretas e brancas, ricas e pobres, todas covardes. Escolha de Sofia”, escreveu ele.

O delegado, que já foi titular da DH da Baixada e da Capital, atualmente trabalha na inteligência da Polícia Civil. “Não precisamos de heróis. Mas escrevo-lhe a verdade, Marielle. Poucos se preocupam com as mortes diárias. São muitas as agruras das investigações policiais em homicídios no Rio de Janeiro”, escreveu o policial, discorrendo em seguida sobre problemas da divisão.

Segue um trecho da carta: “As viaturas, por exemplo, estão sucateadas e sem manutenção. A quantidade de investigadores é pífia diante do volume de vidas humanas ceifadas. As escutas telefônicas, quase uma caixa-preta, muitas vezes inacessíveis a alguns delegados. Algumas armas somem, outras não funcionam. Nunca presenciei deputados ou outros poderosos lutando por equipamentos que permitam encontrar evidências em perícias no Instituto Médico-Legal. Aliás, esse mesmo instituto não tem impressora para permitir que uma testemunha seja ouvida imediatamente quando vai liberar o corpo de seu ente querido. Sim, muitos veículos apreendidos ficam abandonados e sem qualquer vigilância. Ouse chamar atenção para este fato e a resposta será sempre a mesma: ‘É assim mesmo’.”

A Polícia Civil alegou que não vai comentar a carta do delegado, já que se trata de um posicionamento pessoal.

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