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Gatos conquistam mercado pet com serviços dedicados a eles

Os felinos formam uma clientela exigente, mas quando agradados, retribuem com carinho

Por Marcela Capobianco
Atualizado em 3 abr 2020, 21h38 - Publicado em 3 abr 2020, 12h00
Heloisa Justen, da Gatos&Gatos: em clínicas exclusivas, donos e felinos aparecem com mais frequência (Leo Lemos/Veja Rio)
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Entrar em uma clínica veterinária com um gato nos braços e topar com um cachorro na sala de espera é certeza de que o tempo vai fechar. Na tentativa de aliviar o nervosismo tanto dos bichos quanto de seus donos, que muitas vezes saem arranhados da consulta, vários locais vêm se especializando no atendimento exclusivo aos felinos. “O gato pode ser um doce em casa, mas, ao chegar a um ambiente estranho e pressentir alguma ameaça, vai se sentir naturalmente acuado”, explica Heloisa Justen, 57 anos, dona da Gatos&Gatos. Ela lembra que quando abriu a clínica, no longínquo 1997, acharam que era maluca por cortar da agenda justamente a clientela mais fiel. Hoje, em uma ampla casa em Botafogo, quinze profissionais atendem de trinta a quarenta animais por dia. “Eu percebi que, nos locais mistos, os donos de gatos só aparecem em situações de emergência. Aqui eles aparecem com mais regularidade”, explica.

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Conhecidos pela independência, os gatos mesmo assim estão no alto do ranking dos bichinhos de estimação preferidos. O Rio tem 650 000 felinos, e no estado todo o número passa de 2 milhões. Houve um crescimento de 8% no Brasil nos últimos sete anos ó para efeito de comparação, a população canina não aumentou nem 4% no mesmo período, segundo o Instituto Pet Brasil. Cerca de 10% dos gatos brasileiros estão em território fluminense – o Rio só perde para São Paulo. A veterinária Bianca Couto, que tem seis bichanos em casa, abriu com dois sócios a clínica The Cat from Ipanema, em 2016, onde oferece tratamento odontológico, homeopático e oncológico. “Além do comportamento sensível, os gatos têm fisiologia e metabolismo muito particulares. Um remédio adequado para cães pode ser tóxico para eles”, diz Bianca, que uma vez por mês promove uma palestra sobre felinos.

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Uma pesquisa da Universidade Oxford, no Reino Unido, provou que todas as raças de felinos existentes descendem do gatoselvagem africano, um primo menor dos leões e guepardos. Além do instinto de caçador, nunca apagado, outra habilidade nata dos bichanos é o equilíbrio: em uma queda, eles conseguem girar o corpo, planar como um paraquedas e chegar ao solo sem se ferir (daí a origem de suas sete vidas). Nem por isso, alertam os especialistas consultados, o dono deve deixar de instalar no apartamento telas ou grades de proteção (empresas que prestam esse serviço compõem outro setor do mercado voltado para os felinos que vem crescendo na cidade). “Gatos são extremamente curiosos. Nos últimos dois anos, quase sessenta caíram de janelas só na Zona Sul. Também é importante oferecer- lhes alimentação pastosa, porque eles têm a essência da caça, então não costumam beber muita água no dia a dia”, alerta a veterinária Heloisa.

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Além das clínicas exclusivas, os bichanos contam com hospedagem própria em alguns locais. Localizado no Rio Comprido, Zona Norte, o Hotel da Gataria costuma ter de vinte a trinta hóspedes na baixa temporada, número que sobe em feriados como Natal e Carnaval, quando quem não reserva com antecedência não consegue vaga nos cinquenta “apartamentos”.

Hotel da Gataria gatos
Hotel da Gataria: apartamentos ficam lotados em feriados como Natal e Carnaval (Hotel da Gataria/Divulgação)

A proprietária, Lucy Galimberti, 53 anos, que aloja 44 gatos em casa, conta que cuidava dos pets de amigas que viajavam até ter a ideia de transformar o hobby em negócio. Mas não é qualquer um que consegue reserva no resort. “Sou bem chata, porque meus hóspedes também são. Exijo atestado médico, calendário de vacinação atualizado e o contato do veterinário para emergências”, avisa. A média de estada é de dez dias, com direito a banho de sol e recreação individual, registrados em fotos e vídeos enviados aos donos. “Os bichanos chegam de cara amarrada, porque detestam sair de casa. Mas lá pelo terceiro dia já ganhei a confiança deles, com um patê ou um biscoitinho”, diz Lucy. Não há sentimento de independência que resista a um bom petisco.

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