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Caso Marielle: Ronnie Lessa fala sobre esquema que emperrou investigação

'Temos promotores, juízes e desembargadores', disse assassino confesso da vereadora, em depoimento ao STF

Por Da Redação
28 ago 2024, 15h26
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Ronie Lessa: "'Temos promotores, juízes e desembargadores, todo mundo é nosso amigo': foi isso que o Domingos falou para a gente", relatou o ex- sargento. (Internet/Reprodução)
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Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta (28), o réu colaborador Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, fez menção a um esquema que, segundo ele, emperrava as investigações sobre o crime. De acordo com o ex-sargento, autoridades do Judiciário estariam envolvidas e poderiam ser acionadas.

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Lessa citou o envolvimento de “promotores, juízes e desembargadores” quando contou que Domingos e Chiquinho Brazão, acusados por ele de serem os mandantes do assassinato de Marielle, o contrataram por intermédio de Edmilson da Silva Oliveira, o Macalé, que foi morto. E acrescentou que se encontrou três vezes com os irmãos e Macalé. Na última vez, segundo o depoimento, três semanas após o duplo homicídio, em 14 de março de 2018, Domingos teria lhe dito que o então chefe de polícia, Rivaldo Barbosa, estava direcionando o “canhão para outro canto” e que, se não desse certo, haveria outra saída: “‘Não tem problema, se for o caso, nós vamos por cima. Temos promotores, juízes e desembargadores, todo mundo é nosso amigo’: foi isso que o Domingos falou para a gente”, relatou o ex-sargento.

O delator falou ainda que suspeita a Delegacia de Homicídios, que investigou o caso Marielle, esteja por trás de um suposto assalto, em que ele foi baleado um mês e meio após o crime: “Eu não posso garantir, mas eu também não duvido que tenha sido a DH. Não duvido nada. E, se por acaso, esse suposto latrocínio fosse uma tentativa de homicídio?“, afirmou, além de citar um suposto esquema de corrupção em delegacias. De acordo com ele, quando os inquéritos eram exclusivamente em papel, bastava pagar R$ 50 mil aos policiais civis para que “sumissem” com eles. E afirmou que muitos inquéritos eram destruídos com fogo. Atualmente, com os documentos digitalizados e inseridos no sistema da corporação, a propina é para que provas desapareçam ou para que sejam criados obstáculos à elucidação do crime, situação que ocorre com mais frequência quando a autoria envolve contraventores e milicianos.

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“A corrupção está em todas as esferas. Então, se o delegado não quer fazer o que eles querem, eles simplesmente tiram ele. É assim que funciona. E, na verdade, deixa eu só concluir aqui, tanto o Chiquinho quanto o Domingos têm essa influência. Eles mesmos colocam e retiram delegados de onde quiserem. É uma questão de influência política, e é disso que eles precisam. Estamos lidando com a cúpula, tá?”,

Esse foi o primeiro depoimento de Ronnie Lessa na audiência de instrução e julgamento da ação penal contra os mandantes da morte de Marielle e Anderson. O processo no STF é contra cinco réus: os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão — conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) e deputado federal, respectivamente —; o ex-chefe de Polícia Civil Rivaldo Barbosa; Robson Calixto Fonseca, conhecido como Peixe; e o major Ronald Paulo Alves Pereira. Os três primeiros são apontados como mandantes do homicídio. Calixto é suspeito de ter fornecido a arma usada no crime, enquanto Ronald é acusado de monitorar a vítima. O depoimento de Lessa continua nesta quinta (29). Depois, deve ser ouvido Élcio de Queiroz, que confessou ter dirigido o carro usado no crime.

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Ouvido pelo jornal O Globo, o advogado Marcelo Ferreira, que defende Rivaldo Barbosa, disse que Lessa foi genérico e não apresentou qualquer “dado concreto que pudesse corroborar sua narrativa”. A defesa de Ronald não quis se pronunciar. Domingos e Chiquinho negam participação no crime e conhecer Lessa. Já a Polícia Civil, em nota, disse que as denúncias de Lessa não merecem crédito e que não existem provas que corroborem as afirmações.

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