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Berço da Bossa Nova, Casa Villarino fecha as portas no Centro do Rio

Fundado em 1953, misto de restaurante e delicatessen na Rua Calógeras era ponto de encontro intelectuais e artistas e não resistiu à crise

Por Cleo Guimarães
17 nov 2020, 12h37
Villarino: garçom participa de campanha dos donos pela volta da clientela, depois da flexibilização, quando a região ficou vazia; não foi suficiente e, com a crise, a casa fechou as portas (Facebook/Reprodução)
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Tem gente que não está acreditando até agora, tamanho o baque. Mas um post na página oficial da Casa Villarino põe fim à qualquer dúvida. Ali foi anunciado, pelos próprios donos, que o restaurante iria fechar suas portas nesta segunda (16). “É com grande pesar que informamos aos nossos queridos clientes e amigos a suspensão das nossas atividades no dia 16/11/2020. Nos sentimos muito honrados e orgulhosos por termos feito parte da bela história da Casa Villarino, um dos berços da Bossa Nova e ponto de encontro de intelectuais e artistas. Agradecemos a todos aqueles que nos prestigiaram com sua presença desde 1953”, escreveram.

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Símbolo e referência da boemia carioca, o restaurante guarda um dos momentos mais emblemáticos da cultura brasileira – foi numa de suas mesas que, em 1956, Tom Jobim foi apresentado a Vinícius de Moraes, por intermédio de Lúcio Rangel. Tom e Vinícius musicaram ali a peça Orfeu da Conceição, que foi apresentada ao público meses mais tarde. Viraram frequentadores assíduos do salão da casa, que manteve seu ar antiguinho ao preservar as cadeiras estofadas com couro vermelho e mesas com tampo de mármore.

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Era numa delas, longe da corrente de vento do ar-condicionado, que o escrito Luiz Garcia-Roza, morto em abril passado, batia ponto diariamente. Neste caso, ‘diariamente’ não é modo de falar. Garcia-Roza tinha um escritório ali pertinho e almoçava todo santo dia no Villarino, onde tinha cadeira cativa. Curtia os pastéis, o paillard de frango à milanesa com caldinho de feijão e arroz branco, e costumava ser atendido pelo garçom Ramos, considerado por muitos de seus habitués um sósia de Marlon Brando – há controvérsias.

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Como tantos outros negócios da cidade, a Casa Villarino sentiu o golpe da crise que veio a reboque da pandemia do coronavírus. Em julho, depois de quatro meses fechado por causa da quarentena, o restaurante reabriu, mas a queda de movimento pós-isolamento foi brutal. Coisa de 90%. Mais uma vez o Facebook foi o canal encontrado pelos proprietários para falar com a sua clientela.

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“Diversos estabelecimentos já estão fechando suas portas e especialmente na nossa região, por conta da falta de prazo de retorno ao ‘normal’, a tendência não é animadora. Então pedimos encarecidamente que apesar dos receios, que nos deem uma chance, nos prestigiem com sua presença ou que retirem pedidos”, escreveram. A freguesia voltou aos poucos, mas não foi o suficiente – e assim a pandemia fez mais uma vítima na cidade.

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