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Dez perguntas para…

...André Heller-Lopes, novo coordenador de elenco da OSB Ópera & Repertório

Por Letícia Pimenta
Atualizado em 5 dez 2016, 15h10 - Publicado em 23 jan 2013, 17h47
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andre-heller-lopes-01.jpg (Redação Veja rio/)
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1 – Quais são as atribuições do cargo que está assumindo?

Toda casa de ópera internacional tem um diretor de elenco. Minha função aqui é basicamente essa. Selecionei os artistas para as oito óperas em concerto da OSB Ópera & Repertório (grupo formado após a crise com o maestro Roberto Minczuk na Orquestra Sinfônica Brasileira em 2011) programadas para 2013. Queremos despertar no público a vontade de ver aquilo tudo encenado um dia.

2 – Como é o dia a dia do trabalho?

Montamos a temporada em duas semanas e agora estamos alinhavando. O grande desafio é formar o conjunto certo de cantores para cada obra. Não adianta ter uma grande intérprete no papel principal se o grupo que a acompanha não estiver preparado para cantar com ela. Embora tenhamos estrangeiros escalados, damos prioridade aos brasileiros. Hoje há uma enorme oferta de bons cantores líricos por aqui.

3 – Quais obras serão apresentadas?

Por ora só posso falar sobre a ópera de abertura, Sonho de uma Noite de Verão, de Benjamin Britten. Consegui trazer esse projeto para o Brasil graças ao prêmio internacional Britten100Awards que recebi de uma instituição britânica dedicada à produção desse compositor e ao apoio da Secretaria Estadual de Cultura. A obra estreia em março no Municipal de São Paulo e vem para o Rio em abril.

4 – Como o repertório da orquestra foi escolhido?

Todas as óperas estão unidas por um tema, que são cenas de um casamento. Como as apresentações são vendidas em pacotes de assinaturas, ter um eixo temático é uma ótima ferramenta de marketing. Em São Paulo, quando dirigi A Valquíria, de Wagner, propus que fosse servido um jantar nos intervalos e foi um sucesso. Afinal, é uma ópera de cinco horas.

5 – O senhor se especializou no exterior e tem passagem por várias casas de ópera importantes, como o Metropolitan, de Nova York, e a Royal Opera House, de Londres. Que lição trouxe lá de fora?

A organização. Eu via os cronogramas detalhados, os cantores sabendo com antecedência sua agenda e pensava: é disso que precisamos no Brasil. Se juntarmos nossas vozes latinas com o profissionalismo de fora, será maravilhoso.

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6 – E quais são as diferenças em termos de produção?

A grande tolice aqui é que os teatros não têm repertório. Faz-se uma produção que será encenada cinco ou seis vezes e depois irá para o lixo. Na Royal Opera House, a produção de Tosca, montada originalmente com Maria Callas e dirigida por Franco Zeffirelli, ficou quarenta anos em cartaz, de 1964 a 2004.

7- É possível mudar esse quadro?

Certamente. Daí a importância de ter uma central técnica como a do Theatro Municipal na Gamboa. Um dia monta-se La Bohème, no outro, Tosca, e por aí vai. Fazemos um ajuste ou outro no cenário e nos figurinos, e basta. O custo fica muito mais baixo.

8 – Como tirar proveito do bom momento que o Rio atravessa para incrementar a programação lírica?

O Rio tem vocação para eventos ao ar livre. Depois que dirigi no Parque Lage a ópera Anjo Negro, baseada na obra de Nelson Rodrigues, penso em completar uma trilogia rodriguiana com Senhora dos Afogados no Cais do Porto, em 2014, e Vestido de Noiva no Outeiro da Glória, em 2016.

9 – Quando começou a gostar de ópera?

Em 1987, aos 14 anos, quando assisti a uma apresentação de Carmen dirigida por Sérgio Britto no Municipal do Rio. Virou um vício. Só quem é liricômano entende a febre que uma ópera pode causar.

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10 – O que achou da escolha do maestro Isaac Karabtchevsky para o cargo de diretor artístico do Theatro Municipal?

Vejo com grande otimismo. Ele fez muito pelo coro e pela orquestra do Municipal de São Paulo quando esteve lá. Os corpos artísticos são a alma de um teatro. Por isso um concurso é imprescindível para garantir que em um futuro próximo haja ópera e música de concerto no Municipal carioca.

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