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Mudanças na presidência da Portela escancaram crise na agremiação

Segundo membros ouvidos por VEJA Rio, Tia Surica telefona para amigos lamentando o rumo do pavilhão que defende com vigor há tantas décadas

Por Bruno Chateaubriand Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
13 jun 2025, 06h32 •
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Crise na Portela: torcedores da Azul e Branca estão inseguros sobre o futuro  (Daniel Ramalho/Veja Rio)
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  • O Carnaval de 1984 marcou não só a inauguração do Sambódromo e a consequente divisão dos desfiles do Grupo Especial entre o domingo e a segunda-feira do feriado de Momo. Nesse ciclo emblemático, cada noite consagrou uma campeã: Portela e Mangueira. Nos meses seguintes, no entanto, a euforia deu lugar a um clima de tensão dos bastidores da Azul e Branca de Madureira e Oswaldo Cruz, vencedora do domingo.

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    O então presidente, Carlinhos Maracanã, eliminou alas portelenses e essa ruptura levou parte dos componentes a buscar um novo caminho. Em outubro daquele ano, nascia a Tradição, fruto das disputas internas. “Não foi apenas uma dissidência, mas uma tentativa de divisão real da escola-mãe, usando, inclusive, as mesmas cores e símbolos”, comenta o historiador e pesquisador da festa Felipe Ferreira, destacando o protagonismo da Portela nas tensões e nas modificações da folia.

    Quatro décadas depois, esse roteiro voltou a assombrar os torcedores da tradicional agremiação.

    O momento conturbado que ameaça o esplendor da Águia se dá menos de um mês após a eleição apertada que alçou à presidência Júnior Escafura, neto do famoso bicheiro Piruinha (1929-2025). A diferença de votos para a chapa concorrente, encabeçada por Dr. Léo e André Martinelli, foi de apenas 49 votos. Uma das primeiras mudanças anunciadas pela nova gestão foi a dispensa do mestre de bateria Nilo Sérgio, em 31 de maio.

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    Boa parte da comunidade recebeu a notícia com espanto e revolta, apontando a crise institucional em que a escola mais laureada da folia carioca mergulhou. Com duas décadas à frente da Tabajara do Samba, o ex-maestro era considerado peça-chave na manutenção de uma identidade musical. Muitos componentes acreditam que sua saída não foi motivada por critérios técnicos, mas por divergências políticas, já que ele apoiou o grupo derrotado nas urnas. “Ninguém deveria ser demitido desse jeito, ainda mais um profissional com vinte anos de dedicação”, critica o vereador e ex-subprefeito da Zona Norte Diego Vaz, ritmista da Azul e Branca. “Eu vou sair da bateria, assim como muita gente. Tia Surica me ligou chorando”, revela.

    A menção à matriarca traz à tona outra ferida. Embora já não ocupe oficialmente o título de presidente de honra, atualmente nas mãos da lendária porta-bandeira Vilma Nascimento, Tia Surica, 84 anos, é referência viva e afetiva da escola e sua opinião sempre foi levada em conta. Membros ouvidos por VEJA RIO relatam que ela está sendo gradualmente afastada das decisões internas.

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    Emocionada, ela telefona para amigos lamentando o rumo do pavilhão que defende com vigor há tantas décadas. Imaginar a Portela sem Surica é simplesmente impensável. Do lado vencedor, o novo presidente tenta reverter o clima de divisão. “Toda mudança assusta um pouco. O novo é desafiador”, reconhece Júnior Escafura, que tenta se reaproximar da base.

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    Nova gestão: Júnior Escafura, Nilce Fran e Vilma Nascimento têm a missão de reunir a base portelense (Reprodução/Instagram)

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    Como gesto simbólico, anunciou a redução da taxa de alas da comunidade de 170 para 50 reais anuais. Apesar do discurso conciliatório, o clima nas ruas de Oswaldo Cruz e Madureira é de incerteza, ainda mais porque a divulgação do enredo para o próximo Carnaval acabou atrasando. Talvez a agremiação esteja precisando de um gesto simples, mas simbólico, como aquele eternizado na canção de Gilberto Gil: todo mundo da Portela, aquele abraço.

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    Altos e baixos: há mais de 100 anos a escola convive com polêmicas (./Veja Rio)
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